O feiticeiro do jazz-rock Oz Noy revela suas estratégias para solos
Oz Noy aprende rápido. Ele pegou a guitarra pela primeira vez aos dez anos de idade e, três anos depois, quando a maioria dos guitarristas de sua idade ainda estava lidando com o riff de Smoke on the Water, o adolescente israelense já estava trabalhando como músico, fazendo shows com artistas de jazz, rock e blues e realizando gravações. Aos 18 anos, ele já tinha tocado em diversos discos pop de Israel. Aos 24, era o guitarrista do programa de televisão mais popular de seu país. Mas ele não estava satisfeito. Não contente em ser “um peixe grande num aquário pequeno”, Noy fez o que qualquer músico jovem e corajoso em sua situação faria: partiu para o campo de batalha mais difícil do mundo, a cidade de Nova York.
Logo após sua chegada na Big Apple, em 1996, começaram os comentários pela cidade sobre o guitarrista israelense que podia executar linhas de jazz à la John Scofield, extrair de uma Stratocaster timbres furiosos de blues à la Stevie Ray Vaughan, tocar funk como se Nile Rodgers fosse um parente próximo, acariciar uma ES-175 como um experiente jazzista e, com uma pedaleira incrementada, produzir timbres de guitarra tão modernos e radicais que provavelmente chamariam a atenção dos integrantes Radiohead.
Tática de Vampiro
“Muitas de minhas músicas são baseadas em vamps (trecho musical ou acorde que se repete) simples”, diz Noy. As explosivas improvisações de Noy são iniciadas por seu desejo insaciável de ouvir texturas, riffs e ritmos radicais sobre grooves relativamente simples. E o combustível de Noy é um apanhado de escalas.
“Se você estiver fazendo um groove sobre um acorde, pode colori-lo de muitas maneiras”, diz Noy. “Quanto mais enfoques você souber, mais vívidas as cores ficam. Escalas oferecem ótimas maneiras de criar diferentes climas sobre uma base de um acorde”.
Para demonstrar sua afirmação, Oz pede para eu tocar um groove de fundo – uma levada funkeada em andamento médio, sobre o acorde G7
Seu solo começa onde os solos de muitos guitarristas começariam: linhas improvisadas de escala pentatônica menor .
Ele toca as mesmas cinco notas que a maioria das pessoas usaria, mas suas inflexões – vibrato, bends, ataques, slides e outros truques – são o que o distinguem do músico comum de blues e rock. Seu ataque é sólido e articulado, marca de todo grande instrumentista. O mais impressionante, no entanto, é que Noy consegue produzir o mesmo som melodioso e consistente usando escalas muito mais jazzísticas que a escala de blues.
“A próxima cor que você poderia me ouvir tocando sobre G7 é a escala de tons inteiros ”,
Revela Noy. “É claro, o modo mixolídio sempre funciona .
Gosto também da escala diminuta simétrica semitom/tom ,
Que penso como um arpejo diminuto – neste caso, G#-B-D-F – com a adição de tons vizinhos um semitom abaixo de cada nota. Posso usar uma escala dominante alterada de G ,
Que tem a mesma digitação da escala Ab melódica menor. Há somente mais uma cor que eu jogaria nesta base, e é o que chamo de escala aumentada.
Ela é parecida com a escala semitom/tom, no sentido de que trata-se de um arpejo – desta vez, um arpejo de G aumentado com G-B-D# – com notas adicionadas um semitom abaixo de cada tom do acorde.
“Variando entre estas escalas, você pode criar muitos sons diferentes, que levam a novos lugares. Quando você começa a experimentar com fraseado e ritmos, um universo totalmente novo se abre. Além disso, você pode misturar estilos – rock, jazz, funk, blues –, apesar de eu na verdade não pensar em músicas nesses termos. O conceito de rotular estilos é muito limitador”.
Deslocamento Melódico
“Gosto também de movimentar as coisas durante um lick”, afirma Noy. “Em outras palavras, contanto que você termine na nota certa, tudo soa bem [risos]. Se você estiver em uma situação musical em que queira soar um pouco mais moderno, você pode mover parte de sua frase um semitom acima ou abaixo. Por exemplo, pegue este lick de blues no estilo de Albert King .